O casamento na Idade
Média tinha uma importância fundamental em vários aspectos da vida de um
individuo tanto no que diz respeito ao âmbito familiar, como econômico e
politico. Todavia, este ato social não tinha nada haver com o amor, paixão, ou
sexo. Há preocupação que predominava no seio familiar era não descentralizar a
herança da familiar.
Após o casamento a mais
nova família formada não iria para uma nova casa, já que na maioria das vezes,
iam para a casa do pai do noivo ou da noiva caso ela não possuísse irmãos,
porque a construção de uma nova casa era complicada, então começaram a se
formar verdadeiras “comunidades familiares”.
Nesse contexto, o
casamento era a forma mais fácil de formar e manter alianças, os casais algumas
vezes chegavam a ser prometidos um ao outro ainda no berço, pois esta era uma
forma do pai da noiva escolher quem, de certa forma, o iria suceder. No caso de
uma menina órfã, suas terras eram administradas por outra pessoa até ela
completar idade de casar (entre 13 ou 14 anos de idade). Se ela recusa-se o
noivo escolhido à única alternativa que sobrava era um convento.
Para a igreja católica o
casamento deveria ser realizado por vontade própria tanto do noivo quanto da
noiva e depois que o casamento fosse realizado e consumado, não podia mais ser
desfeito, portanto o divorcio esta fora de cogitação, alias, ele nem existia. A
única exceção ocorreria caso fosse descoberto um grau de parentesco bastante
próximo entre os esposos, no que resultaria na anulação do matrimonio.
O casamento era pra vida
toda, não importava se a mulher era perturbada e preguiçosa ou se o homem era
um libertino e bêbado, um tinha que aguentar o outro até o ultimo segundo de
suas vidas. Um comportamento contrário ao discurso da igreja acarretava numa
“excomunhão e em uma reprovação social”.
A escolha da noiva era
realizada pelas pessoas mais próximas da família, principalmente o pai e a mãe.
O noivado era uma cerimonia bastante importante, sendo inclusive, registrado
pela igreja. Havia a troca de anéis, o homem recebia um e a mulher outro e
ambos juravam fidelidade eterna. Aos futuros esposos era perguntado se juravam
casar-se um com o outro. Esta celebração era finalizada e, aproximadamente, 40
dias depois haveria a realização do casamento.
O casamento se diferenciava
mui pouco do noivado, sendo iniciado durante o dia. Os noivos se vestiam com
suas melhores roupas, poderiam usar qualquer cor de vestido. A cor que as
mulheres preferiam era o vermelho, mas como um tecido com esta cor custava
muito carro, apenas às mulheres ricas utilizavam um vestido desta tonalidade.
A esposa entrava na
igreja do lado esquerdo do noivo, era uma precaução, pois caso alguém tentar-se
rouba-la ele estaria com a mão direita livre pra sacar a espada e defender sua
“pobre e indefesa” mulher. Assistiam a missa e eram cobertos pelo véu nupcial.
Ao longo da missa, os conjugues dividiam,
segundo os rituais que vinham de uma região para outra, um pedaço de pão, ou
uma hóstia benta, e bebiam na mesma taça de vinho bento. Levantavam em
seguida um círio ao altar da virgem, onde a noiva pegava uma roca e fiava
durante alguns instantes. Finalmente reconduzido pelos amigos e pelo clero até
a porta da igreja, entravam no cemitério e iam rezar sobre os túmulos de seus
mortos, o que não deixava de evocar rituais muito antigos: a família estava
presente, inclusive os ancestrais mortos. (D’ Haucourt, 1944, pag. 108)
Após todo esse ritual
todos iam festejar, jogavam sobre o casal grão de arroz que tinham como
finalidade desejar fertilidade, eles diziam: “plenté, plenté” significava
abundância. Em casa havia um grande festejo com vinho, comida e diversão. O
padre benzia com agua benta o leito nupcial. O casamento só era consumado no
segundo dia.
Quando o casamento era do
senhor feudal ou de um rei, as festas duravam dias, havia distribuição de
comida e os vinhos estavam nas fontes publicas, porém todos iriam participar
dos gastos (D’ Haucourt, 1944). As pessoas levavam bolos e conforme eles iam
chegando eram colocados um em cima do outro, dai veio a inspiração para o bolo
de casamento da forma que ele é hoje, isto é, bolos com vários andares.
No século XIV, as
mulheres começaram a praticar a arte de jogar o buque, era uma maneira de dar a
sorte do casal às amigas e ajudá-las a conseguirem um bom casamento. Os buques
surgiram bem antes na Grécia e na Roma antiga, porém na Idade Medieval ganha
novo significado, quando antes era formado por ervas, para espantar os maus
espíritos, na Idade Média a noiva recebia as plantas dos convidados tendo como
significado desejar boa sorte e desejar felicidade. Mas, mais tarde foi trocada
por flores que simbolizavam a fertilidade.