quinta-feira, 3 de julho de 2014

O NASCIMENTO NA IDADE MÉDIA

Durante o período designado como Idade Média a sociedade européia construiu muitos de seus valores culturais, os quais se espalharam por grande parte do mundo e são, até os dias atuais, plenamente perceptíveis. Nesse contexto está inserida a temática do nascimento, onde vários aspectos relacionados ao mesmo se mantiveram e chegaram até nós.
No período supracitado a taxa de natalidade era alta. A igreja detinha o poder econômico, político, jurídico e social. Assim, partia principalmente da referida instituição dominante a influência de gerar vários filhos. Eram comuns a presença de imagens religiosas e vitrais que “representavam a maternidade da Virgem Maria”, além de imagens do nascimento de uma criança dentro de uma família burguesa. As famílias tinham muitos filhos, pois forneciam homens para os mosteiros, as cruzadas, bem como para inúmeras guerras do período. Eram estas últimas, juntamente com as pestes e catástrofes naturais, as responsáveis pelo controle da natalidade tendo em vista a alta taxa de mortalidade advinda das mesmas.
O nascimento de uma criança requeria cuidados bastante peculiares. Após a chegada, o bebê era enfaixado, seus cueiros eram fechados e colocava-se uma touca em sua cabeça. Devido ao incômodo provocado pelos cueiros, às crianças choravam e, para acalmá-las buscava-se acalentá-los, movendo-as nos braços. Nas famílias mais pobres os berços eram produzidos com troncos de arvores que eram esvaziados. Nas famílias mais ricas podiam ser feitos de madeira ou de metais preciosos. As mesmas eram colocadas em berços, os quais eram produzidos com troncos de árvores esvaziados, nas famílias mais pobres. Enquanto nas famílias mais ricas podiam ser feitos de madeira, como também a partir de metais preciosos.
Logo após o nascimento, buscava-se batizar a pequena criança para inserí-la no caminho do “bem-estar” religioso. O batismo ocorria, aproximadamente, três dias após o nascimento, não era recomendável que se esperasse muito para realizar a referida cerimônia. Isto porque pairava no ar o temor da criança morrer antes de ser apresentada a religião, isto é, morrer pagã e consequentemente não usufruir do reino dos céus.
Para o rito inicial da criança na vida cristã escolhia-se dois ou três padrinhos, em média, os quais tinham a incumbência escolher o nome da criança. Na cerimônia batismal o corpo da criança, completamente nu, era mergulhado rapidamente dentro da pia batismal e, após emergido, enxuto e vestido. Somente entre os séculos XII e XV optou-se por colocar apenas a cabeça na água, assim como se faz atualmente na Igreja Católica. Oficialmente iniciada no cristianismo, a criança era levada até a mãe – que a recebia com muito amor e carinho – e a esta era revelado o nome do seu filho. A partir daí dava-se início as comemorações, onde os vizinhos eram convidados. Se o nascimento fosse de um príncipe, os súditos eram convidados, e a boa nova era levada para as regiões circunvizinhas. O mesmo era anunciado pelo tocar dos sinos, além das missas que eram celebradas. Até os prisioneiros eram libertados e os festejos aconteciam com danças, onde também eram acesas fogueiras.
O nascimento de um príncipe era anunciado pelo soar de sinos. Celebravam-se missas e convidavam-se todos os súditos para levar a boa nova às cidades circunvizinhas. Vale ressaltar que, até mesmo os prisioneiros eram libertados em favor dos festejos regados à dança e iluminados por fogueiras cujo calor se fazia compatível ao estado de espírito daqueles ali presentes.
A genitora do novo cristão, após conceder o filho ao mundo, repousava até recuperar suas forças. Durante esse período recebia a visita de amigas, e se a família a qual pertencia fosse rica, todo tesouro que possuíam seria colocado no quarto para fascinar todos que a viessem cumprimentá-la. Entre esses objetos estavam peles, pratarias, sedas, entre outros. Ao recuperar-se antes de voltar para as atividades cotidianas, a mulher ia até a igreja para receber as preces de purificação – atitude a qual era obrigada a realizar, visto que sem passar por essas preces não poderia voltar a participar da sua religião.
Grande parte das mães assumia a responsabilidade de cuidar e de amamentar seus filhos. Porém, algumas mulheres, principalmente da nobreza, não costumavam se preocupar com essas tarefas. Motivadas por falta de interesse, bem como por falta de experiência com bebês ou ainda por conta de seus afazeres, as mães contavam... Por motivos de falta de interesse das mães, bem como por conta de seus afazeres e até mesmo por falta de experiência com bebês, as mães contavam com uma Ama-de-leite para realizar as referidas atividades maternas. Mais tarde as tarefas desempenhadas por Amas-de-leite foram transformados em profissão, acarretando em exigências maiores por parte das mesmas – comida e bebida à vontade, assim como um horário para descanso.

Nesse sentido, percebe-se que a influência religiosa se fez sentir no dia-a-dia europeu na Idade Média, onde o papel político, social, bem como o familiar era exercido pela Igreja. Além de outros ícones do cotidiano, o nascimento girou em torno das construções ideológicas produzidas por esta instituição. E no que se referem a esse aspecto da vida medieval, muitas das práticas tem sua base na época aqui retratada e da mesma até a temporalidade atual observa-se a semelhança, quando não a manutenção destas práticas.

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