Durante o período designado como Idade Média a
sociedade européia construiu muitos de seus valores culturais, os quais se
espalharam por grande parte do mundo e são, até os dias atuais, plenamente
perceptíveis. Nesse contexto está inserida a temática do nascimento, onde
vários aspectos relacionados ao mesmo se mantiveram e chegaram até nós.
No período supracitado a taxa de natalidade era alta.
A igreja detinha o poder econômico, político, jurídico e social. Assim, partia
principalmente da referida instituição dominante a influência de gerar vários
filhos. Eram comuns a presença de imagens religiosas e vitrais que
“representavam a maternidade da Virgem Maria”, além de imagens do nascimento de
uma criança dentro de uma família burguesa. As famílias tinham muitos filhos,
pois forneciam homens para os mosteiros, as cruzadas, bem como para inúmeras
guerras do período. Eram estas últimas, juntamente com as pestes e catástrofes
naturais, as responsáveis pelo controle da natalidade tendo em vista a alta
taxa de mortalidade advinda das mesmas.
O nascimento de uma criança requeria cuidados
bastante peculiares. Após a chegada, o bebê era enfaixado, seus cueiros eram
fechados e colocava-se uma touca em sua cabeça. Devido ao incômodo provocado
pelos cueiros, às crianças choravam e, para acalmá-las buscava-se acalentá-los,
movendo-as nos braços. Nas famílias mais pobres os berços eram produzidos com
troncos de arvores que eram esvaziados. Nas famílias mais ricas podiam ser
feitos de madeira ou de metais preciosos. As mesmas eram colocadas em berços,
os quais eram produzidos com troncos de árvores esvaziados, nas famílias mais
pobres. Enquanto nas famílias mais ricas podiam ser feitos de madeira, como
também a partir de metais preciosos.
Logo após o nascimento, buscava-se batizar a pequena
criança para inserí-la no caminho do “bem-estar” religioso. O batismo ocorria,
aproximadamente, três dias após o nascimento, não era recomendável que se
esperasse muito para realizar a referida cerimônia. Isto porque pairava no ar o
temor da criança morrer antes de ser apresentada a religião, isto é, morrer
pagã e consequentemente não usufruir do reino dos céus.
Para o rito inicial da criança na vida cristã
escolhia-se dois ou três padrinhos, em média, os quais tinham a incumbência escolher o nome da criança. Na cerimônia batismal o corpo da criança,
completamente nu, era mergulhado rapidamente dentro da pia batismal e, após
emergido, enxuto e vestido. Somente entre os séculos XII e XV optou-se por
colocar apenas a cabeça na água, assim como se faz atualmente na Igreja
Católica. Oficialmente iniciada no cristianismo, a criança era levada até a mãe
– que a recebia com muito amor e carinho – e a esta era revelado o nome do seu
filho. A partir daí dava-se início as comemorações, onde os vizinhos eram
convidados. Se o nascimento fosse de um príncipe, os súditos eram convidados, e
a boa nova era levada para as regiões circunvizinhas. O mesmo era anunciado
pelo tocar dos sinos, além das missas que eram celebradas. Até os prisioneiros
eram libertados e os festejos aconteciam com danças, onde também eram acesas
fogueiras.
O nascimento de um príncipe era anunciado pelo soar
de sinos. Celebravam-se missas e convidavam-se todos os súditos para levar a
boa nova às cidades circunvizinhas. Vale ressaltar que, até mesmo os
prisioneiros eram libertados em favor dos festejos regados à dança e iluminados
por fogueiras cujo calor se fazia compatível ao estado de espírito daqueles ali
presentes.
A genitora do novo cristão, após conceder o filho ao
mundo, repousava até recuperar suas forças. Durante esse período recebia a
visita de amigas, e se a família a qual pertencia fosse rica, todo tesouro que
possuíam seria colocado no quarto para fascinar todos que a viessem
cumprimentá-la. Entre esses objetos estavam peles, pratarias, sedas, entre
outros. Ao recuperar-se antes de voltar para as atividades cotidianas, a mulher
ia até a igreja para receber as preces de purificação – atitude a qual era
obrigada a realizar, visto que sem passar por essas preces não poderia voltar a
participar da sua religião.
Grande parte das mães assumia a responsabilidade de
cuidar e de amamentar seus filhos. Porém, algumas mulheres, principalmente da
nobreza, não costumavam se preocupar com essas tarefas. Motivadas por falta de
interesse, bem como por falta de experiência com bebês ou ainda por conta de
seus afazeres, as mães contavam... Por motivos de falta de interesse das mães, bem
como por conta de seus afazeres e até mesmo por falta de experiência com bebês,
as mães contavam com uma Ama-de-leite para realizar as referidas atividades
maternas. Mais tarde as tarefas desempenhadas por Amas-de-leite foram
transformados em profissão, acarretando em exigências maiores por parte das
mesmas – comida e bebida à vontade, assim como um horário para descanso.
Nesse sentido, percebe-se que a influência religiosa
se fez sentir no dia-a-dia europeu na Idade Média, onde o papel político,
social, bem como o familiar era exercido pela Igreja. Além de outros ícones do
cotidiano, o nascimento girou em torno das construções ideológicas produzidas por
esta instituição. E no que se referem a esse aspecto da vida medieval, muitas
das práticas tem sua base na época aqui retratada e da mesma até a temporalidade
atual observa-se a semelhança, quando não a manutenção destas práticas.
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