sexta-feira, 4 de julho de 2014

Texto introdutório: "CONHECENDO A LITERATURA DE CORDEL"
            Com certeza você em algum momento de sua vida de estudante já esteve em contato com alguma produção relacionada à literatura de cordel. Um folheto, que narrava alguma situação do cotidiano, produzia alguma crítica social ou até exaltava a pátria, as belas terras do Brasil. Para isso, basta observarmos a primeira estrofe da famosa Canção do Exílio, escrita pelo poeta do romantismo brasileiro, Gonçalves Dias em 1843.
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá;
As aves que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá.

Nosso céu tem mais estrelas,
Nossas várzeas têm mais flores,
Nossos bosques têm mais vida,
Nossa vida mais amores [...]

            A literatura de cordel surgiu em Portugal durante o século XVI, recebeu este nome em virtude dos livretos produzidos que acabavam sendo pendurados em varais nas pequenas bancas de comércio para serem vendidos. Rapidamente se popularizaram, sendo portadores de diversas temáticas, em grande parte ligadas a situações do cotidiano. Havia cordéis que narravam à vida dos padres, do vendedor de sapatos da esquina e até a história das grandes navegações portuguesas, sendo qualquer tema ou situação um prato cheio para os cordelistas.
            Durante a colonização do Brasil, tivemos os primeiros contatos com esta literatura, porém aqui ela receberá um novo nome, folhetos, em virtude de que acabaram por funcionar como uma espécie de jornal que circulava de mão em mão relatando fatos do cotidiano, muitas pessoas da época acabavam ficando informadas pela literatura de cordel, até em virtude da ausência de jornais durante tal período. Os cordéis com o tempo também assumiram o caráter de serem portadores de crítica social, basta observarmos estes versos de patativa de Assaré:
Eu sou de uma terra que o povo padece
Mas não esmorece e procura vencer.
Da terra querida, que a linda cabocla
De riso na boca zomba no sofrer.

Não nego meu sangue, não nego meu nome
Olho para a fome, pergunto o que há?
Eu sou brasileiro, filho do Nordeste,
Sou cabra da Peste, sou do Ceará.
            Desta forma podemos observar que qualquer assunto pode ser trabalhado pela literatura de cordel. Todavia devemos observar seu estilo de produção, sua estrutura, sempre com a presença de rimas e com estrofes podendo ser organizadas em 4, 6, 7, 10 e até 12 versos. Por tais características os cordéis também podem ser importantes fontes históricas por revelarem vários aspectos da sociedade que o produziu.


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