Universidade Estadual da Paraíba
Central Integrada de Aulas- CIA
Departamento de História- DH
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação a Docência- PIBID/CAPES
Subprojeto de História
E.E.E.F.M. Professor Raul Córdula
Supervisora: Ivanilda Matias Bezerra Bolsista: Jéssica Salvino Mendes
Série: 9º ano Turma: “e” Turno: Tarde
Texto de apoio:
Um
Brasil “afrancesado”: belle époque tropical e a memória de
imponentes patrimônios
A Belle Époque, expressão francesa que significa bela época, foi um período de efervescência artística e intelectual que ocorreu na Europa e em
outros países ocidentais, num período que vai do final do século XIX, ate o ano
de 1914. Esta “era de ouro” cultural esta localizada entre dois importantes
momentos da história: o imperialismo e a 1ª Guerra Mundial.
O grande avanço industrial e
tecnológico proporcionado pelas descobertas e invenções do período da Revolução
Industrial, bem como o acumulo de
capital, advindo da exploração imperialista das colônias africanas e asiáticas,
permitiu que as capitais europeias
vivessem verdadeiros dias de glória e riqueza. As ruas destas capitais haviam
modificado sua estética se alargando e abrigando a construção de prédios em
novos estilos arquitetônicos. Assistia-se também, ao número cada vez maior de
parques, cafés, teatros, cinemas e cabarés, símbolos máximos da cultura do
divertimento. Nas artes e na arquitetura os estilos impressionista e art’nouveau
decoravam exposições de arte os prédios dos charmosos bulevares.
A nossa belle époque, chamada de
tropical ocorreu no final do século XIX e
inicio do século XX. Lá pelos idos de 1880 o progresso trazido pela extração do
latéx, matéria prima para fabricação da borracha, fez com que as cidades de
Belém, localizada no estado do Pará e Manaus no estado do Amazonas, ganhasse
ares parisiense com construções exuberantes. Na capital Belém, foram construídos o Theatro
da Paz (estilo neoclássico), inaugurado em 1878, o Mercado de Ferro,
(estilo art’nouveau) de 1897, o Palácio Antônio Lemos (estilo neoclássico)
1883 e o Mercado de São Braz (estilo art’ nouveau e neoclássico) no ano de 1911. Em Manaus, foi construído o imponente Teatro Amazonas (estilo
eclético) em 1896.
No
estado do Ceará os acontecimentos
foram bem semelhantes aos de Belém e Manaus. Só que o fruto gerador de riqueza
se diferenciava, já que naquela região era o algodão quem regia a economia.
Fortaleza desta forma, também sentiu os ventos do progresso através de suas construções.
Naquele mesmo período foram edificados a Estação
ferroviária Professor João Felipe (estilo neoclássico) em 1873 e o luxuoso Theatro José de Alencar
(estilo eclético e art’nouveau) em 1909.
A
região Sudeste não ficou de fora deste momento da história do Brasil. As
cidades do Rio de Janeiro e São Paulo gozaram da riqueza que vinha do “ouro
negro” brasileiro: o café. Em 1909
foi inaugurado o Teatro Municipal do Rio
de Janeiro e em 1911 o
famoso Teatro Municipal de São Paulo, palco principal da Semana de Arte Moderna de 1922. A capital
federal da época, o Rio de Janeiro,
também ganhou o famoso Teleférico Pão de Açúcar, em 1912. Já a terra da garoa, foi contemplada anos antes, em 1901, logo no início do século XX, com a Estação ferroviária da Luz.
Porém, se por um lado toda essa
ideia de modernidade e progresso, trouxe visibilidade para o Brasil, por outro,
ela fez questão de varrer para debaixo do tapete tudo aquilo que não a
representasse. O “progresso” custou muito caro para a maioria da população
brasileira que não fazia parte da burguesia, classe crescente já há algum
tempo. Em nome do embelezamento das ruas, pessoas pobres foram postas para fora
de suas humildes moradias, cortiços foram demolidos e as cidade foram
divididas, no centro o “progresso”, nas margens o “atraso.”
Todas essas construções citadas
acima, fazem já há algum tempo parte do patrimônio e da memória do Brasil. Esse
patrimônio foi selecionado para ficar na memória dos brasileiros como símbolo
de um tempo de glória e riqueza. Afinal de contas, se a ideia é mostrar
progresso e modernidade, porque deixar que fiquem vivos casebres e cortiços?
Essa outra memória foi demolida, junto com aquelas simples moradas.
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