domingo, 24 de maio de 2015

Texto de apoio "Um Brasil 'afrancesado': belle époque tropical e a memória de imponentes patrimônios"



Universidade Estadual da Paraíba

Central Integrada de Aulas- CIA

Departamento de História- DH

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação a Docência- PIBID/CAPES

Subprojeto de História

E.E.E.F.M. Professor Raul Córdula

Supervisora: Ivanilda Matias Bezerra     Bolsista: Jéssica Salvino Mendes

Série: 9º ano              Turma: “e”    Turno: Tarde 


Texto de apoio:


Um Brasil “afrancesado”:  belle époque tropical e a memória de imponentes patrimônios 

A Belle Époque, expressão francesa que significa bela época, foi um período de efervescência artística e intelectual que ocorreu na Europa e em outros países ocidentais, num período que vai do final do século XIX, ate o ano de 1914. Esta “era de ouro” cultural esta localizada entre dois importantes momentos da história: o imperialismo e a 1ª Guerra Mundial.
O grande avanço industrial e tecnológico proporcionado pelas descobertas e invenções do período da Revolução Industrial, bem como o  acumulo de capital, advindo da exploração imperialista das colônias africanas e asiáticas, permitiu que as capitais  europeias vivessem verdadeiros dias de glória e riqueza. As ruas destas capitais haviam modificado sua estética se alargando e abrigando a construção de prédios em novos estilos arquitetônicos. Assistia-se também, ao número cada vez maior de parques, cafés, teatros, cinemas e cabarés, símbolos máximos da cultura do divertimento. Nas artes e na arquitetura os estilos impressionista e art’nouveau decoravam exposições de arte os prédios dos charmosos bulevares.
A nossa belle époque, chamada de tropical ocorreu no final do século XIX  e inicio do século XX. Lá pelos idos de 1880 o progresso trazido pela extração do latéx, matéria prima para fabricação da borracha, fez com que as cidades de Belém, localizada no estado do Pará e Manaus no estado do Amazonas, ganhasse ares parisiense com construções exuberantes. Na capital Belém, foram construídos o Theatro da Paz (estilo neoclássico), inaugurado em 1878, o Mercado de Ferro, (estilo art’nouveau) de 1897, o Palácio Antônio Lemos (estilo neoclássico) 1883 e o Mercado de São Braz (estilo art’ nouveau e neoclássico) no ano de 1911. Em Manaus, foi construído o imponente Teatro Amazonas (estilo eclético) em 1896.
            No estado do Ceará os acontecimentos foram bem semelhantes aos de Belém e Manaus. Só que o fruto gerador de riqueza se diferenciava, já que naquela região era o algodão quem regia a economia. Fortaleza desta forma, também sentiu os ventos do progresso através de suas construções. Naquele mesmo período foram edificados a Estação ferroviária Professor João Felipe (estilo neoclássico) em 1873 e o luxuoso Theatro José de Alencar (estilo eclético e art’nouveau) em 1909.
            A região Sudeste não ficou de fora deste momento da história do Brasil. As cidades do Rio de Janeiro e São Paulo gozaram da riqueza que vinha do “ouro negro” brasileiro: o café. Em 1909 foi inaugurado o  Teatro Municipal do Rio de Janeiro e em 1911 o famoso Teatro Municipal de São Paulo, palco principal da Semana de Arte Moderna de 1922. A capital federal da época, o Rio de Janeiro, também ganhou o famoso Teleférico Pão de Açúcar, em 1912. Já a terra da garoa,  foi contemplada anos antes, em 1901, logo no início do século XX,  com a  Estação ferroviária da Luz.
Porém, se por um lado toda essa ideia de modernidade e progresso, trouxe visibilidade para o Brasil, por outro, ela fez questão de varrer para debaixo do tapete tudo aquilo que não a representasse. O “progresso” custou muito caro para a maioria da população brasileira que não fazia parte da burguesia, classe crescente já há algum tempo. Em nome do embelezamento das ruas, pessoas pobres foram postas para fora de suas humildes moradias, cortiços foram demolidos e as cidade foram divididas, no centro o “progresso”, nas margens o “atraso.”
Todas essas construções citadas acima, fazem já há algum tempo parte do patrimônio e da memória do Brasil. Esse patrimônio foi selecionado para ficar na memória dos brasileiros como símbolo de um tempo de glória e riqueza. Afinal de contas, se a ideia é mostrar progresso e modernidade, porque deixar que fiquem vivos casebres e cortiços? Essa outra memória foi demolida, junto com aquelas simples moradas.

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