Quando eu era pequeno vivia sozinho, eu
sofria de um mal físico, uma deficiência imunológica. Esta doença não me
permitia ter uma vida normal, não permitia que eu fosse livre. Eu não podia
sair para brincar com as crianças. Para me ocupar, minha maior fonte era a
minha mente: sonhar, imaginar, criar, desenhar. Eu criava mundos, seres,
objetos, para burlar a solidão eu criava uma nova realidade.
Tudo mudou aos meus 13 anos quando conheci
alguém tão sonhador quanto eu, que por sinal era também vítima da mesma doença
que a minha. Entretanto, esta outra pessoa era possuidora de outra forma de
pensar. Foi fantástico, ele me mostrou um novo mundo: o mundo dos desenhos
animados onde tudo era possível, o mundo dos jogos onde a aventura nunca acaba,
o mundo dos livros onde os enigmas me aguardavam.
O RPG foi o que me deu uma alma para
aniquilar a solidão, eu não apenas estava feliz, eu estava encantado, me sentia
finalmente livre. Eu usaria minhas histórias, minhas fantasias, meus delírios
para divertir os outros ao criar novas aventuras.
Por causa deste alguém, por ter me apresentado
o RPG, minha vida mudou. Aprendi a fazer amigos que se tornaram companheiros em
minhas aventuras. O que para muitos é loucura, para nós é uma forma de aliviar
as preocupações da vida e para mim há um maior significado por trás: a normalidade.
Afinal ao conhecer loucos que compartilham da mesma loucura me sinto finalmente
normal.
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