segunda-feira, 20 de julho de 2015

NAS MÃOS DE DEUS


Tudo começou quando eu estava voltando da escola à noite, passei na casa de um amigo, onde eu sempre dormia, só para conversar, mas infelizmente a conversa estava boa e não vi o tempo passar. Estava muito tarde para voltar pra casa, eu estava com muito sono e pensei: “vou ligar para os meus pais e pedir para dormir aqui hoje”. Quando liguei e disse que queria dormir na casa do meu amigo minha mãe ficou muito brava e respondeu:
- Pode ficar de vez na casa de seu amigo, isso não é hora de pedir nada, já são uma e trinta e três da madrugada. Amanhã venha pegar suas coisas e ficar por aí mesmo, Gabriel.
Quando eu a ouvi dizer isto fiquei muito preocupado, mas fui dormir e de manhã iria lá em casa resolver toda essa situação. Enfim amanheceu e fui para casa, chegando lá meu pai começou a dizer assim:
- Você, Gabriel, só vive na casa do seu amigo, ele não é sua família, ele não tem responsabilidade nenhuma com você, somos eu e sua mãe que temos. Se você quiser continuar morando nessa casa você vai fazer o que eu quiser e quando eu quiser, não ter mais amigos e nem namorada, ficará em casa ajudando sua mãe nas coisas e nem pense em sair para as festas, muito menos para a rua e se não quiser obedecer pode se retirar da minha casa agora.
Eu me assustei, mas na mesma hora não queria saber e fui à casa do meu amigo pedir para ele me ajudar a tirar minhas coisas de casa e deixar na casa dele. Chegando lá quando minha mãe me viu arrumando as coisas, ela começou a chorar e meu irmão de 11 anos também. Quando eu vi aquela situação fiquei muito mal, de todo modo, não recuei, saí sem falar com eles. Chegando a casa do meu colega, ele disse:
- Não fala para o meu pai que você está aqui, pois ele não vai querer você morando conosco.
Comecei a arrumar minhas coisas com lágrimas nos olhos e pensando no que fiz. Depois que eu fiquei uns dias em uma casa em que eu não era bem-vindo, sem trabalhar, dependendo do meu amigo, decidi procurar outro lugar para ficar, mas todos os amigos que eu pensei que iriam me acolher não me aceitaram e eu me senti muito humilhado.
Fui para casa do meu colega e comecei a chorar e me arrependi do que fiz, mas tinha medo dos meus pais não me aceitarem de volta. Comecei a viver escondido na casa do meu colega por um mês, só que eu precisava de dinheiro e eu não sabia o que fazer. Eu tinha um celular e decidi trocar com uma menina, entretanto, ela queria 100 reais e o celular em troca do celular dela. Nisso ela comentou que tinha um salto alto que se eu conseguisse vender estaríamos de “negócio fechado”.
Enfim, não consegui vender, mas eu não queria ir devolver o salto dela, porque ela morava muito longe. Ela começou a me cobrar o dinheiro, então, eu a bloqueei no whatszapp e nas demais redes sociais, pensando que iria me sair bem dessa. Contudo, eu estava enganado, pois o crime não compensa.
No dia seguinte em todas as redes sociais tinham muitas ameaças de meninos querendo me bater e me chamando de ladrão. Eu fiquei completamente apavorado porque eles disseram que iam a casa do meu pai e, se meu pai ficasse sabendo de algo iria atrás de mim. E se fosse até o pai do meu colega iria dizer que ele estava dando abrigo para um ladrão, sem que ele soubesse, pois eu estava perdido na vida.
Acabou chegando uma intimação na casa do meu pai com o meu nome pedindo para que eu comparecesse na delegacia de Itaquera, se eu não fosse eu iria ser preso. Meu pai me ligou e disse o que estava acontecendo. Ele foi até a delegacia, encontrou a garota e pagou a ela tudo que eu devia e disse a mim por telefone:
- Quero você dentro de casa para a gente conversar, eu já estou chegando da delegacia.
Fui para casa e esperei-o. Meu pai chegou com minha Mãe e com meu irmão chorando e eu fiquei completamente mal por ter feito aquilo.
Em 17 anos da minha vida vi meu pai chorando, mas nesse dia ele falou chorando muito e com grande mágoa em seu coração disse:
- Você me decepcionou, quero que pegue todas as suas coisas, celular, bicicleta, tudo e venda. Você vai embora de São Paulo e vai morar na Paraíba. Vá agora e pegue as suas coisas.

Fui chorando pegar minhas coisas, vendi todas e vim embora para Paraíba e aqui estou vivendo bem. Com a grande dificuldade que eu passei acho que depois de tudo valeu a pena.

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