Com nove anos de idade fui morar com minha
tia e meu primo na cidade de Lucena na Paraíba. Casa grande, vida nova, escola
nova, praia, tudo novo: a melhor coisa que me aconteceu. Isso até um dia em que
um acontecimento trágico ocorreu em nossas vidas. Dois anos após a minha
mudança meu primo foi assassinado em frente a nossa casa após um assalto. Minha
tia que tinha câncer desistiu de lutar para viver.
E foi assim que tudo começou, com a
desistência da minha tia, eu teria que ser mais responsável, pois ela não ia
mais ao médico, não tomava mais seus remédios e não queria mais viver. Com essa
situação apavorante a única coisa a fazer era aprender a cuidar dela, sem ter
medo ou nojo do que poderia acontecer.
O câncer dela era de pele, eu ficava muito
chateada ao ver as pessoas com nojo e medo de chegarem peto dela. Eu não tinha
reação diante dessas atitudes que presenciava. Um dia acordei com o som de seu
choro desesperado ao constatar que seu cabelo estava caindo, aquela cena me
comoveu muito fazendo com que minha “ficha caísse” e eu percebesse que devia
fazer algo para ajudá-la, pois me sentia culpada por tudo aquilo que estava
acontecendo.
Três meses depois minha tia e eu fizemos uma
peruca linda, a qual ela usava e não tinha vergonha. Um ano depois voltamos para
Campina Grande onde ela fez vários tratamentos e nunca deixou de usar nossa
peruca. Eu amava ver ela produzida, entretanto, nem tudo é para sempre, em
Dezembro de 2013 ela faleceu e naquele dia a vi toda linda em seu velório.
Percebi também que ela foi e sempre será o meu primeiro amor.
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