PIBID HISTÓRIA UEPB 2015
UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAÍBA
PROGRAMA INSTITUCIONAL DE BOLSA DE INICIAÇÃO À DOCÊNCIA
ESCOLA: E.E.E.F.M. PROFESSOR RAUL CÓRDULA
PROFESSORA SUPERVISORA: IVANILDA MATIAS BEZERRA
BOLSISTA PIBIDIANA: RAYSSA EUTÁLIA
TURMA: 9º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL
DURAÇÃO: AULAS DE 50 MINUTO
Um boxeador surpreendente: Johann Trollman
Johann Trollman, era jovem, rápido e forte e
foi apelidado de Rukeli. Ele cresceu nos bairros pobres de Hannover. Nas mãos
de seu treinador, judeu Erich Seelig, prometia um futuro brilhante no boxe
profissional. Porém, sua popularidade e seu estilo irritavam cada vez mais os
ideólogos nazistas. Seu veloz jogo de pernas e os movimentos curtos do lutador
cigano contrastavam com o estilo de boxe da época, ou seja, o estilo valentão,
com o atleta a evocar mais a figura de um guerreiro do que a de um desportista.
"Afeminado” e "Nada a ver com o verdadeiro boxe ariano", eram
algumas das manchetes que, em 1932, foram dedicadas a Trollman pelo Völkischen
Beobachter, (O Observador Popular) jornal oficial do partido nazista, além de
alguns compararem sua luta a um “ballet”.
Mas, mesmo com tudo isso, em 1933, aos 25 anos, visto que
ele havia nascido em 27 de dezembro de 1907 em Wilsche no Império Alemão, Trollman
disputou o título alemão da categoria dos meio-pesados contra Adolf Witt,
campeão dos pesados. Um combate desigual, no qual o boxeador roma expressão que designa um conjunto
de populações nômades que conhecemos como ciganos, fez valer toda a sua
agilidade, deixando o adversário exausto e a ponto de desmoronar no ringue. A
vitória de Rukeli por pontos, através do seu “ballet” era incontestável, justa,
evidente.
Foi então que entrou em cena a Associação
de Boxe Alemã, repleta de nazistas, que acusavam o boxeador de enfiar os dedos
no olho do adversário. Os juízes interromperam a luta e declararam empate,
contudo, a multidão que assistia a luta, enfurecida pela flagrante injustiça,
exigia que Trollman fosse declarado vencedor. Os juízes, que viam-se temerosos,
pois estavam quase ao ponto de serem linchados, tiveram que restabelecer a
verdade do combate e declarar Trollman como campeão da Alemanha. Johann então,
quando declarado vencedor, chorou de felicidade no ringue. O choro do campeão
foi a desculpa usada pelos nazistas para anularem o título do boxeador. A razão
oficial: comportamento inadequado (chorar no ringue). O verdadeiro motivo: ser
cigano, mais precisamente, sinti, ou seja, não ser puro como queria Hitler.
Algum tempo depois, uma nova luta foi organizada e Trollman
foi obrigado a participar do combate. As autoridades nazistas queriam vingar a
derrota de Witt e acabar com a perigosa popularidade do jovem cigano. Para
garantir a derrota de Trollman, ele foi proibido de mover-se do centro do
ringue e de usar seu jogo de pernas para se esquivar dos golpes, sob a pena de
perder a licença de lutador. O que aconteceu em seguida, foi um dos sacrifícios
mais extraordinários e menos conhecidos da história dos esportes.
Johann
entrou no ringue com o cabelo tingido de loiro e com o corpo totalmente coberto
de farinha, um gesto de provocação, uma verdadeira afronta que ridicularizava a
imagem do guerreiro ariano, com a qual a propaganda nazista envenenava a
Alemanha. Durante o combate, Trollman ficou no centro do rinque, com as pernas
afastadas, imóvel, sem esquivar-se, um após outro, dos socos de Gustav Eder,
famoso pelos golpes potentes.
Ele conseguiu resistir cinco assaltos
e tombou banhado em sangue. A partir desse momento sua carreira também
desmoronou com o nocaute covarde infligido pelos nazistas. Johann disputou, sem
sucesso, mais nove lutas e foi obrigado a se aposentar prematuramente.
Durante os anos seguintes, ou seja, principalmente o período
da Segunda Guerra Mundial, a perseguição dos não arianos intensificou-se
dramaticamente. Milhares de ciganos foram esterilizados, incluindo Trollman. Em
1939, ele foi convocado para a Wehrmacht,
para lutar na Frente Oriental. Em troca desse "serviço desinteressado para
o Terceiro Reich", a família do lutador permaneceria viva, ou seja, sua
mulher e filha.
Algum tempo depois em 16 de novembro de 1942, Himmler assina
o Tratado de Auschwitz, no qual os romas recebem o mesmo veredicto de morte
dado aos judeus. Milhares de ciganos são deportados para os campos de
extermínio. Johann é enviado para o campo de concentração de Neuengamme.
Sabendo da fama de boxeador do prisioneiro, lutas de boxe eram organizadas
pelos guardas do campo para entretenimento dos militares nazistas. Pela
cooperação, Trollman recebia porções extras de ração, contudo, quando a luta
era com guardas alemães, ele era obrigado a perder por nocaute ou caso
contrário, era deixado por dias sem alimento.
Não é bem claro até hoje, nem a razão, nem a data da morte
de Johann. Entretanto, em 2008, um livro de Roger Reppilinger, afirmou que em
1944, o boxeador cigano participou de uma daquelas lutas no campo contra Emil
Cornelius, um kapo (prisioneiros
que colaboravam com a Schutzstaffel).
Trollman venceu facilmente, porém, o kapo, inconformado com a derrota, atacou-o
pelas costas com um pedaço de madeira, só parando de bater quando Trollman
estava mergulhado em sangue. O ataque covarde aconteceu a vista dos condescendentes
guardas nazistas. Johann Trollman terminou assassinado na lama de um campo de
concentração, calçando luvas de boxe, que, em um mundo diferente, lhe teriam
conduzido à glória.
Setenta anos, ou seja, em 2003 após ter conquistado
legitimamente, o cinturão de campeão dos meios-pesados da Alemanha, o mesmo foi
entregue aos herdeiros do roma. Nas ruas de Hamburgo pode-se ver uma placa
memorial em homenagem ao lutador e em 09 de junho de 2010 foi inaugurado em
Berlim um monumento a Johann Trollman, o pugilista cigano que ridicularizou o
Terceiro Reich.
Referências
Kid bentinho. Disponível em:<Http://kid-bentinho.blogspot.com.br/2013/07/johanntrollman-o-boxeador-cigano-que.html>Acesso
em: 09 de agosto de 2015.
Wikipedia. Disponível em
<https://pt.wikipedia.org/wiki/Ciganos> Acesso em: 09 de agosto de 2015.
Disponível
em: <https://pensieromeridiano.wordpress.com/category/autori/brunelli-roberto/>
Acesso em: 10 de agosto de 2015.
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