sexta-feira, 2 de outubro de 2015

Texto Introdutório - Johann Trollman

PIBID HISTÓRIA UEPB 2015
UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAÍBA
PROGRAMA INSTITUCIONAL DE BOLSA DE INICIAÇÃO À DOCÊNCIA

ESCOLA: E.E.E.F.M. PROFESSOR RAUL CÓRDULA

PROFESSORA SUPERVISORA: IVANILDA MATIAS BEZERRA

BOLSISTA PIBIDIANA: RAYSSA EUTÁLIA
TURMA: 9º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL
DURAÇÃO: AULAS DE 50 MINUTO


Um boxeador surpreendente: Johann Trollman

 Johann Trollman, era jovem, rápido e forte e foi apelidado de Rukeli. Ele cresceu nos bairros pobres de Hannover. Nas mãos de seu treinador, judeu Erich Seelig, prometia um futuro brilhante no boxe profissional. Porém, sua popularidade e seu estilo irritavam cada vez mais os ideólogos nazistas. Seu veloz jogo de pernas e os movimentos curtos do lutador cigano contrastavam com o estilo de boxe da época, ou seja, o estilo valentão, com o atleta a evocar mais a figura de um guerreiro do que a de um desportista. "Afeminado” e "Nada a ver com o verdadeiro boxe ariano", eram algumas das manchetes que, em 1932, foram dedicadas a Trollman pelo Völkischen Beobachter, (O Observador Popular) jornal oficial do partido nazista, além de alguns compararem sua luta a um “ballet”.
Mas, mesmo com tudo isso, em 1933, aos 25 anos, visto que ele havia nascido em 27 de dezembro de 1907 em Wilsche no Império Alemão, Trollman disputou o título alemão da categoria dos meio-pesados contra Adolf Witt, campeão dos pesados. Um combate desigual, no qual o boxeador roma expressão que designa um conjunto de populações nômades que conhecemos como ciganos, fez valer toda a sua agilidade, deixando o adversário exausto e a ponto de desmoronar no ringue. A vitória de Rukeli por pontos, através do seu “ballet” era incontestável, justa, evidente.

Foi então que entrou em cena a Associação de Boxe Alemã, repleta de nazistas, que acusavam o boxeador de enfiar os dedos no olho do adversário. Os juízes interromperam a luta e declararam empate, contudo, a multidão que assistia a luta, enfurecida pela flagrante injustiça, exigia que Trollman fosse declarado vencedor. Os juízes, que viam-se temerosos, pois estavam quase ao ponto de serem linchados, tiveram que restabelecer a verdade do combate e declarar Trollman como campeão da Alemanha. Johann então, quando declarado vencedor, chorou de felicidade no ringue. O choro do campeão foi a desculpa usada pelos nazistas para anularem o título do boxeador. A razão oficial: comportamento inadequado (chorar no ringue). O verdadeiro motivo: ser cigano, mais precisamente, sinti, ou seja, não ser puro como queria Hitler.

Algum tempo depois, uma nova luta foi organizada e Trollman foi obrigado a participar do combate. As autoridades nazistas queriam vingar a derrota de Witt e acabar com a perigosa popularidade do jovem cigano. Para garantir a derrota de Trollman, ele foi proibido de mover-se do centro do ringue e de usar seu jogo de pernas para se esquivar dos golpes, sob a pena de perder a licença de lutador. O que aconteceu em seguida, foi um dos sacrifícios mais extraordinários e menos conhecidos da história dos esportes.

Johann entrou no ringue com o cabelo tingido de loiro e com o corpo totalmente coberto de farinha, um gesto de provocação, uma verdadeira afronta que ridicularizava a imagem do guerreiro ariano, com a qual a propaganda nazista envenenava a Alemanha. Durante o combate, Trollman ficou no centro do rinque, com as pernas afastadas, imóvel, sem esquivar-se, um após outro, dos socos de Gustav Eder, famoso pelos golpes potentes.

Ele conseguiu resistir cinco assaltos e tombou banhado em sangue. A partir desse momento sua carreira também desmoronou com o nocaute covarde infligido pelos nazistas. Johann disputou, sem sucesso, mais nove lutas e foi obrigado a se aposentar prematuramente.

Durante os anos seguintes, ou seja, principalmente o período da Segunda Guerra Mundial, a perseguição dos não arianos intensificou-se dramaticamente. Milhares de ciganos foram esterilizados, incluindo Trollman. Em 1939, ele foi convocado para a Wehrmacht, para lutar na Frente Oriental. Em troca desse "serviço desinteressado para o Terceiro Reich", a família do lutador permaneceria viva, ou seja, sua mulher e filha.
Algum tempo depois em 16 de novembro de 1942, Himmler assina o Tratado de Auschwitz, no qual os romas recebem o mesmo veredicto de morte dado aos judeus. Milhares de ciganos são deportados para os campos de extermínio. Johann é enviado para o campo de concentração de Neuengamme. Sabendo da fama de boxeador do prisioneiro, lutas de boxe eram organizadas pelos guardas do campo para entretenimento dos militares nazistas. Pela cooperação, Trollman recebia porções extras de ração, contudo, quando a luta era com guardas alemães, ele era obrigado a perder por nocaute ou caso contrário, era deixado por dias sem alimento.

Não é bem claro até hoje, nem a razão, nem a data da morte de Johann. Entretanto, em 2008, um livro de Roger Reppilinger, afirmou que em 1944, o boxeador cigano participou de uma daquelas lutas no campo contra Emil Cornelius, um kapo (prisioneiros que colaboravam com a Schutzstaffel). Trollman venceu facilmente, porém, o kapo, inconformado com a derrota, atacou-o pelas costas com um pedaço de madeira, só parando de bater quando Trollman estava mergulhado em sangue. O ataque covarde aconteceu a vista dos condescendentes guardas nazistas. Johann Trollman terminou assassinado na lama de um campo de concentração, calçando luvas de boxe, que, em um mundo diferente, lhe teriam conduzido à glória.

Setenta anos, ou seja, em 2003 após ter conquistado legitimamente, o cinturão de campeão dos meios-pesados da Alemanha, o mesmo foi entregue aos herdeiros do roma. Nas ruas de Hamburgo pode-se ver uma placa memorial em homenagem ao lutador e em 09 de junho de 2010 foi inaugurado em Berlim um monumento a Johann Trollman, o pugilista cigano que ridicularizou o Terceiro Reich.


Referências
Kid bentinho. Disponível em:<Http://kid-bentinho.blogspot.com.br/2013/07/johanntrollman-o-boxeador-cigano-que.html>Acesso em: 09 de agosto de 2015.
Wikipedia. Disponível em <https://pt.wikipedia.org/wiki/Ciganos> Acesso em: 09 de agosto de 2015.

 Disponível em: <https://pensieromeridiano.wordpress.com/category/autori/brunelli-roberto/> Acesso em: 10 de agosto de 2015.

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